Lindbergh Farias (PT-RJ), eleito senador pelo Rio de Janeiro em 2010, está com a corda toda. Aos 41 anos, o ex-cara-pintada começa a malhar às 6h, chega ao Senado às 8h e só sai às 22h. Ele está convencido de que seu mandato tem que ser instrumento para melhorar a vida da população. Quanto ao futuro, não disfarça: "É claro que eu quero ser governador do Rio de Janeiro". Confira entrevista concedida ao jornal O Dia, do Rio:
É bom ser senador?
Eu estou gostando muito. O Senado é um lugar em que você pode ter muitos debates de ideias. É diferente da Câmara, que tem 513 deputados, e é uma grande confusão. No Senado, não, são só 81 senadores. Também é uma Casa que tem muita força.
Como o senhor representa, efetivamente, o Estado do Rio em Brasília?
A gente tem que se ligar a bandeiras que nos aproximem das pessoas. Coloquei uma equipe técnica para ajudar os prefeitos a ir aos ministérios, a ajudar prefeituras que ficam inadimplentes e não podem receber dinheiro de emendas ao Orçamento. Às vezes, são só problemas burocráticos. Eu espero ajudar os prefeitos do Estado do Rio porque eu sei como é difícil administrar um município. (Lindbergh Farias foi prefeito de Nova Iguaçu por duas vezes.)
O senhor preside a Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais das Pessoas com Deficiência. Como seu trabalho pode melhorar a vida dessas pessoas?
É impressionante como esse tema está fora da agenda nacional, como se não existisse. Estamos falando de 14% da população brasileira. A gente quer, mais do que criar novas leis, fazer cumprir as que já existem.
O senhor pode dar um exemplo de lei que não é cumprida?
Uma das batalhas é pela inserção no mercado de trabalho. A lei brasileira é muito boa: diz que empresas com mais de 100 funcionários têm que ter de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência. Essa lei não é cumprida.
Quem deveria fiscalizar?
Era para ser o Ministério do Trabalho. No dia 28, vamos fazer uma audiência pública sobre inclusão no mercado de trabalho. Vamos chamar o Ministério Público do Trabalho, o Ministério do Trabalho e especialistas. Há outros exemplos de dificuldades que podem ser resolvidas junto aos ministérios da Previdência e da Saúde, por exemplo. A sensação que eu tenho é que está faltando alguém que chame os ministérios, que junte as partes.
O senhor se apresenta como a pessoa que vai "juntar as partes"?
Eu entrei nesse debate na minha vida porque tenho a Beatriz, de 10 meses, que tem Síndrome de Down e é a coisa mais maravilhosa da minha vida. Em Brasília, agora, está muito bacana. Nunca teve tanta gente envolvida nessa questão. Tem um senador que tem uma filha que tem autismo. Tem três deputados cadeirantes. O Romário tem uma filha com Síndrome de Down. Nossa vontade não é ficar só no debate sobre leis. A gente quer fazer coisas concretas, ajudar a resolver problemas.
Como o senhor avalia o pronunciamento recente do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que entrou em cena como representante da oposição?
Ele é o grande nome da oposição. Deve ser o próximo candidato a presidente. Mas ele só tem chance se o governo não for bem. Ou seja, a bola está com a gente, está com o PT, está com a (presidenta) Dilma (Rousseff). E eu acho que a Dilma começou muito bem, está indo no mesmo caminho do (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva). Acho que ela é uma mulher firme para dirigir o País, mas com muita sensibilidade. Isso é a marca do Lula. Acho que, se ela for nesse caminho, é difícil de o Aécio ganhar.
Com relação à sucessão do prefeito Eduardo Paes, no caso de o PT indicar o candidato a vice, quem seria escolhido: o vereador Adilson Pires ou o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc?
Eu sinto que a maior parte do PT defende o apoio a Eduardo Paes. Acho que nós temos que apoiá-lo. Mesmo a pessoa que for mais contra ele tem que admitir: ele é trabalhador. Está fazendo um bom trabalho, e a tendência é o Paes ser reeleito e o PT apoiar sua reeleição. Também sinto que hoje o nome do Adilson está com mais força. O Minc é um dos melhores quadros do PT. Mas o Minc é o nome mais conhecido para fora. O Adilson é militante desde o começo do partido. E, por ele estar na política municipal, como vereador, eu diria que é o grande favorito para ser o vice do Paes.
Como o senhor vê as movimentações que já estão sendo feitas para concorrer com o prefeito?
Acho que essa eleição do Paes ninguém toma. Está bem avaliado e vai melhorar a avaliação quando mostrar tudo o que está fazendo. E ele vai estar no meio da organização da Copa (2014) e das Olimpíadas (2016), além de outros eventos.
O senhor fez vários elogios ao prefeito. Ele tem algum ponto fraco, algo que poderia melhorar?
O Eduardo está fazendo um trabalho nas áreas que mais precisam... Não, eu continuo elogiando... (Risos) E ele ainda é vascaíno (como o senador)... Não, vocês querem me intrigar com meu amigo. (Risos) Se o prefeito Eduardo Paes tiver algum defeito, eu vou manter em segredo! (Risos)
O senhor vai fazer campanha para ele?
Sim, sou muito grato a ele. Teve um momento na minha campanha ao Senado em que muita gente do PMDB estava torcendo contra. O Paes, não, ele foi muito amigo, me ajudou.
O senhor vai concorrer ao governo do Estado do Rio em 2014?
Isso só o futuro vai dizer.
E quando é esse futuro?
Esse futuro é no final de 2013. Eu comecei muito novo na política. Já fui líder estudantil, deputado federal duas vezes, prefeito duas vezes, sou senador. É claro que eu quero ser governador do Rio de Janeiro. Acho que eu posso fazer um bom trabalho. Mas estou com muita calma. Primeiro, antes de ser candidato a governador, tenho que mostrar um bom trabalho no Senado. Tenho que aparecer como senador que ajuda as pessoas e defende o Rio.
Como ficaria sua relação com Cabral se o senhor for candidato pelo PT?
Uma coisa eu defendo: Cabral é o melhor vice-presidente para a Dilma ou para o Lula. Eu respeito muito o (atual vice-presidente) Michel Temer, mas ele não tem os votos que o Cabral tem. O Cabral, pelas UPPs, por tudo, tem um peso nacional. As pessoas dos outros estados conhecem. Se a política de segurança continuar dando certo, ele pode ser o melhor vice do mundo.
Por falar em defender o Estado do Rio no Senado: como vai a discussão sobre os royalties do petróleo?
A bancada do Rio - eu, (Francisco) Dornelles (PP) e (Marcelo) Crivella (PRB) - está atuando muito unida. Vamos recomeçar agora, daqui a um mês, a batalha dos royalties. Não creio que vamos diminuir o que já temos. Mas temos que garantir que do pré-sal uma parte importante venha para o Rio, por mais que a gente distribua para os outros estados. Isso é justo. O petróleo está aqui. Vamos ter que ter muita capacidade de diálogo. O povo tem que se mobilizar. Vai ser preciso um grande acordo nacional. E eu espero ajudar na condução deste acordo. O Rio de Janeiro vai estar todo unido.
O senhor foi ameaçado de morte quando fez sua primeira campanha a prefeito de Nova Iguaçu. O senhor já teve medo de morrer?
Fui muito ameaçado na minha primeira campanha, por me apresentar como um candidato novo. Acho que, na verdade, queriam me assustar. Mas houve um período em que tive medo. Foi depois daquela chacina em Queimados, quando mataram 29 pessoas, em 2005, e começamos uma ofensiva contra os grupos de extermínio, com passeatas. Quando houve umas ligações para minha casa, eu não andava no carro com minha mulher e meu filho. Pensava: "Se acontecer alguma coisa comigo, não quero que aconteça com minha família".
É bom ser senador?
Eu estou gostando muito. O Senado é um lugar em que você pode ter muitos debates de ideias. É diferente da Câmara, que tem 513 deputados, e é uma grande confusão. No Senado, não, são só 81 senadores. Também é uma Casa que tem muita força.
Como o senhor representa, efetivamente, o Estado do Rio em Brasília?
A gente tem que se ligar a bandeiras que nos aproximem das pessoas. Coloquei uma equipe técnica para ajudar os prefeitos a ir aos ministérios, a ajudar prefeituras que ficam inadimplentes e não podem receber dinheiro de emendas ao Orçamento. Às vezes, são só problemas burocráticos. Eu espero ajudar os prefeitos do Estado do Rio porque eu sei como é difícil administrar um município. (Lindbergh Farias foi prefeito de Nova Iguaçu por duas vezes.)
O senhor preside a Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais das Pessoas com Deficiência. Como seu trabalho pode melhorar a vida dessas pessoas?
É impressionante como esse tema está fora da agenda nacional, como se não existisse. Estamos falando de 14% da população brasileira. A gente quer, mais do que criar novas leis, fazer cumprir as que já existem.
O senhor pode dar um exemplo de lei que não é cumprida?
Uma das batalhas é pela inserção no mercado de trabalho. A lei brasileira é muito boa: diz que empresas com mais de 100 funcionários têm que ter de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência. Essa lei não é cumprida.
Quem deveria fiscalizar?
Era para ser o Ministério do Trabalho. No dia 28, vamos fazer uma audiência pública sobre inclusão no mercado de trabalho. Vamos chamar o Ministério Público do Trabalho, o Ministério do Trabalho e especialistas. Há outros exemplos de dificuldades que podem ser resolvidas junto aos ministérios da Previdência e da Saúde, por exemplo. A sensação que eu tenho é que está faltando alguém que chame os ministérios, que junte as partes.
O senhor se apresenta como a pessoa que vai "juntar as partes"?
Eu entrei nesse debate na minha vida porque tenho a Beatriz, de 10 meses, que tem Síndrome de Down e é a coisa mais maravilhosa da minha vida. Em Brasília, agora, está muito bacana. Nunca teve tanta gente envolvida nessa questão. Tem um senador que tem uma filha que tem autismo. Tem três deputados cadeirantes. O Romário tem uma filha com Síndrome de Down. Nossa vontade não é ficar só no debate sobre leis. A gente quer fazer coisas concretas, ajudar a resolver problemas.
Como o senhor avalia o pronunciamento recente do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que entrou em cena como representante da oposição?
Ele é o grande nome da oposição. Deve ser o próximo candidato a presidente. Mas ele só tem chance se o governo não for bem. Ou seja, a bola está com a gente, está com o PT, está com a (presidenta) Dilma (Rousseff). E eu acho que a Dilma começou muito bem, está indo no mesmo caminho do (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva). Acho que ela é uma mulher firme para dirigir o País, mas com muita sensibilidade. Isso é a marca do Lula. Acho que, se ela for nesse caminho, é difícil de o Aécio ganhar.
Com relação à sucessão do prefeito Eduardo Paes, no caso de o PT indicar o candidato a vice, quem seria escolhido: o vereador Adilson Pires ou o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc?
Eu sinto que a maior parte do PT defende o apoio a Eduardo Paes. Acho que nós temos que apoiá-lo. Mesmo a pessoa que for mais contra ele tem que admitir: ele é trabalhador. Está fazendo um bom trabalho, e a tendência é o Paes ser reeleito e o PT apoiar sua reeleição. Também sinto que hoje o nome do Adilson está com mais força. O Minc é um dos melhores quadros do PT. Mas o Minc é o nome mais conhecido para fora. O Adilson é militante desde o começo do partido. E, por ele estar na política municipal, como vereador, eu diria que é o grande favorito para ser o vice do Paes.
Como o senhor vê as movimentações que já estão sendo feitas para concorrer com o prefeito?
Acho que essa eleição do Paes ninguém toma. Está bem avaliado e vai melhorar a avaliação quando mostrar tudo o que está fazendo. E ele vai estar no meio da organização da Copa (2014) e das Olimpíadas (2016), além de outros eventos.
O senhor fez vários elogios ao prefeito. Ele tem algum ponto fraco, algo que poderia melhorar?
O Eduardo está fazendo um trabalho nas áreas que mais precisam... Não, eu continuo elogiando... (Risos) E ele ainda é vascaíno (como o senador)... Não, vocês querem me intrigar com meu amigo. (Risos) Se o prefeito Eduardo Paes tiver algum defeito, eu vou manter em segredo! (Risos)
O senhor vai fazer campanha para ele?
Sim, sou muito grato a ele. Teve um momento na minha campanha ao Senado em que muita gente do PMDB estava torcendo contra. O Paes, não, ele foi muito amigo, me ajudou.
O senhor vai concorrer ao governo do Estado do Rio em 2014?
Isso só o futuro vai dizer.
E quando é esse futuro?
Esse futuro é no final de 2013. Eu comecei muito novo na política. Já fui líder estudantil, deputado federal duas vezes, prefeito duas vezes, sou senador. É claro que eu quero ser governador do Rio de Janeiro. Acho que eu posso fazer um bom trabalho. Mas estou com muita calma. Primeiro, antes de ser candidato a governador, tenho que mostrar um bom trabalho no Senado. Tenho que aparecer como senador que ajuda as pessoas e defende o Rio.
Como ficaria sua relação com Cabral se o senhor for candidato pelo PT?
Uma coisa eu defendo: Cabral é o melhor vice-presidente para a Dilma ou para o Lula. Eu respeito muito o (atual vice-presidente) Michel Temer, mas ele não tem os votos que o Cabral tem. O Cabral, pelas UPPs, por tudo, tem um peso nacional. As pessoas dos outros estados conhecem. Se a política de segurança continuar dando certo, ele pode ser o melhor vice do mundo.
Por falar em defender o Estado do Rio no Senado: como vai a discussão sobre os royalties do petróleo?
A bancada do Rio - eu, (Francisco) Dornelles (PP) e (Marcelo) Crivella (PRB) - está atuando muito unida. Vamos recomeçar agora, daqui a um mês, a batalha dos royalties. Não creio que vamos diminuir o que já temos. Mas temos que garantir que do pré-sal uma parte importante venha para o Rio, por mais que a gente distribua para os outros estados. Isso é justo. O petróleo está aqui. Vamos ter que ter muita capacidade de diálogo. O povo tem que se mobilizar. Vai ser preciso um grande acordo nacional. E eu espero ajudar na condução deste acordo. O Rio de Janeiro vai estar todo unido.
O senhor foi ameaçado de morte quando fez sua primeira campanha a prefeito de Nova Iguaçu. O senhor já teve medo de morrer?
Fui muito ameaçado na minha primeira campanha, por me apresentar como um candidato novo. Acho que, na verdade, queriam me assustar. Mas houve um período em que tive medo. Foi depois daquela chacina em Queimados, quando mataram 29 pessoas, em 2005, e começamos uma ofensiva contra os grupos de extermínio, com passeatas. Quando houve umas ligações para minha casa, eu não andava no carro com minha mulher e meu filho. Pensava: "Se acontecer alguma coisa comigo, não quero que aconteça com minha família".
TERRA
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