segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Síndrome de Estocolmo


Por Cláudia carvalho

Na Paraíba há um adágio que diz: você vale pelo mal que pode causar.
De adágio, virou estilo de vida. Rentável e eficiente, tornou-se lema para muitos que militam na imprensa do Estado. Igual a rastilho de pólvora, a fórmula contagiou muitos que nem tinham aptidão ou formação para a comunicação e nem sabiam qual sua destinação. Mas, isso também pouco importa. Basta repetir alfinetadas, ataques, chacotas, ameaças e constrangimentos até que a vítima peça arrego e abra a carteira.
Sem romantismo, essa prática não é minoritária no jornalismo paraibano. Ela se disseminou e virou sinônimo de prosperidade, prestígio e, claro, poder.
Até aí, não está tudo bem, mas é compreensível que a tática ofensiva, uma vez gerando resultados, seja repetida à exaustão por quem não tem muitos pudores. O que chama a atenção é a reação despertada nos "alvos".
A psicologia, desde a década de 70, chamou o estranho fenômeno em que a vítima desenvolve simpatia por seu algoz de "síndrome de Estocolmo", numa referência a um famoso assalto a banco ocorrido em 1973 e no qual os reféns defendiam seus captores.
Muito longe de Estocolmo e no calor dos trópicos, muitos paraibanos de estirpe se apalermaram com seus algozes. Ao mesmo tempo que reclamam, também dão Ibope, citam, repercutem e valorizam justamente quem lhes ataca.
Questão de gosto ou falta de gosto não se discute, já dizia outro sábio provérbio. Mas, eis que surge um complicador: apesar de nem todo mundo ser vilão na estória, acaba sendo enquadrado na generalidade e topando com as pechas vis que levam à vala comum.
Causar o mal é deleite para quem gosta dele. Quero estar longe perseguindo uma utopia que ensinaram na faculdade que teimei frequentar para ter direito a um diploma cujo valor expirou numa cacetada vingativa do STF. Mas, o que vale não é o papel. É um sentimento, a vontade de acertar e de ainda teimar em querer fazer o certo mesmo que ao redor digam que essa preocupação é típica dos fracos. E haja fraqueza para reagir, devolver as bordoadas e não quedar diante da tentação de aderir ao modus operandi da estação.
Deve ter sido em meio a uma crise deste naipe que Renato Russo concebeu os célebres versos de "Há tempos" que dizem: "Compaixão é fortaleza.
Ter bondade é ter coragem".
Renato não era mais um na multidão. Não ficou rico nem dominou o mundo, mas continua sendo respeitado. É uma boa marca.


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