Novo ministro do STF deve desempatar decisão sobre Ficha Limpa. Luiz Fux tomará posse no Supremo Tribunal Federal no dia 3 de março. Fux foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para o cargo no último dia 2 de fevereiro. Ele vai ocupar a cadeira do 11º integrante da Corte, que está vaga desde a aposentadoria do ex-ministro Eros Grau, em agosto do ano passado
Posse de Fux no STF vai definir posição da Corte sobre Ficha Limpa
“Eu sempre levei a ferro e fogo uma regra que diz que o juiz não julga sem conhecimento dos autos. Porque o que está nos autos não está no mundo. Eu não conheço esse mundo ainda. A lei em geral, é uma lei que conspira em favor da moralidade administrativa como está na Constituição Federal. O caso concreto eu não conheço”, afirmou.
Desde que a norma entrou em vigor, em junho do ano passado, a Ficha Limpa foi tema de apenas dois julgamentos no STF, nos casos do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) e do deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA). Ambos foram barrados pela lei, por terem renunciado a mandato eletivo para escapar de cassação, um dos fatores de inelegibilidade previstos na lei.
Os dois julgamentos terminaram empatados em 5 votos a 5, mas no caso de Jader Barbalho um entendimento, baseado no regimento interno do STF, permitiu manter a decisão do TSE de que a renúncia é motivo para tornar um político inelegível. O voto de Luiz Fux sobre a lei deve resolver o impasse para que o STF comece a firmar entendimento sobre a norma.
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luiz Fux foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para o cargo no último dia 2 de fevereiro. Ele vai ocupar a cadeira do 11º integrante do STF, que está vaga desde a aposentadoria do ex-ministro Eros Grau em agosto do ano passado.
Mensalão
Em conversa com jornalistas na manhã desta segunda, Fux foi questionado sobre o julgamento do processo do mensalão, suposto esquema de corrupção denunciado em 2005 pelo qual parlamentares receberiam dinheiro em troca de apoio político ao governo. O novo ministro do STF afirmou que não será suscetível a pressões nos julgamentos de casos polêmicos na corte.
“Eu não tenho conhecimento dos autos, não tenho nenhum impedimento para julgar. Depois que eu conhecer os autos vou julgar a minha independência, com a coragem que se tem que ter. Um juiz com medo tem que pedir para ir embora”, disse Fux.
O processo, que tem como acusados 38 réus, deve ser levado a julgamento no STF até o final deste ano, segundo o relator do caso, ministro Joaquim Barbosa.
Convite
Fux voltou a dizer que a vaga no Supremo era um “sonho” e que já havia tornado pública sua vontade de integrar a Corte. Ele falou sobre a ansiedade e o momento do convite feito pela presidente Dilma.
“Sempre manifestei publicamente, sem reserva, o desejo de chegar ao Supremo Tribunal Federal. O nome foi lembrado porque eu também me fiz lembrar. O nome sempre esteve cogitado”, disse Fux.
Ele contou que o primeiro contato para o convite foi feito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Fux lembra que, ao formalizar a intenção de indicá-lo, a presidente Dilma foi receptiva e compreendeu a preocupação levada pelo ministro sobre o excesso de recursos nos tribunais brasileiros.
“Cheguei lá falante. Fui até tão falante que quase não deixei a presidenta falar. Segundo ela [Dilma], decidiu pelo currículo porque ela prega a meritocracia. Ela não foi seca, foi receptiva”, afirmou o ministro.
Princípios
Decidido a trabalhar no STJ até a véspera da posse no Supremo, o ministro Fux disse que já se reuniu com o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, para tratar de questões administrativas e pedir material sobre os casos mais expressivos que o aguardam na Corte.
“Evidentemente eu sou um homem precavido, prevenido eu não vou ingressar no Supremo Tribunal Federal sem conhecer os votos desses casos emblemáticos. Fui lá saber como é que eu faço para começar a trabalhar”, disse Fux.
O mais novo ministro do STF será o primeiro a votar em julgamentos importantes, como o da Lei da Ficha Limpa e da extradição do ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti. Para ele, as decisões de um juiz devem ser baseadas em princípios e sensibilidade.
“Se existe algo que o juiz tem que ter para decidir as causas é sensibilidade. O juiz trabalha com menos paixão que o advogado, o que não significa dizer que ele seja inanimado. Tem que ter emoção nessa decisão. Primeiro deve-se construir uma solução justa e depois dar a esta solução justa uma roupagem jurídica. Justiça é algo que se sente”, afirmou Fux.
Do G1
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