sábado, 12 de março de 2011

Filha de Roriz não é a primeira da família a ser alvo de escândalos

Histórico envolve renúncia de Joaquim e candidatura laranja de Weslian

Agência Estado/Reprodução
A videoteca de Durval Barbosa, delator do esquema do mensalão do DEM, continua atingindo figurões de Brasília. A mais recente é Jaqueline Roriz (PMN-DF), que na 31ª fita da coleção foi flagrada recebendo das mãos do próprio Durval uma maço com R$ 50 mil. Mas as denúncias que envolvem um dos sobrenomes mais poderosos da capital federal não são recentes.

Filha do meio de Joaquim Roriz (PSC-DF) e principal herdeira política do ex-governador, Jaqueline foi a deputada mais votada na chapa encabeçada por sua mãe, Weslian (PSC-DF). Ainda quando atuava como deputada distrital, fez um discurso na Câmara Legislativa criticando a colega e ex-aliada Eurides Brito, também flagrada recebendo dinheiro de Durval e que acusou Joaquim Roriz de estar por trás da filmagem.

- Ela [Eurides] é uma grande de uma cara de pau. O ano que ela perdeu a eleição foi o ano que não teve o apoio dele [Roriz]. Esquece ela que já trabalhava na campanha de José Roberto Arruda e não de Roriz. As imagens falam por si. É bom que ela esclareça os vídeos, pois achar outro bode expiatório é muita falta de caráter.

Toda a operação Caixa de Pandora, como foi batizada pela PF (Polícia Federal) gira em torno de personagens que direta ou indiretamente contribuíram para os quatro mandatos de Joaquim Roriz no governo do DF. Durval, por exemplo, era presidente da Codeplan (Companhia de Planejamento do DF) na gestão de Roriz.

Ex-policial civil, Durval também é muito amigo do ex-deputado federal Laerte Bessa (PSC-DF), primeiro suplente de Jaqueline. Aos amigos ele tem confidenciado que se sente preterido pela família Roriz, que o deixou de fora da Câmara dos Deputados mesmo fazendo campanha para que Weslian vencesse a disputa pelo governo local nas últimas eleições.

Candidatura laranja

Weslian, por sinal, nunca foi afeita à política. Antes de ser catapultada ao estrelato nacional pela campanha recheada de gafes, circulava apenas pelas colunas sociais como uma benfeitora social que distribuía cobertores a desabrigados.

A matriarca dos Roriz foi convocada pelo marido Joaquim a concorrer em seu lugar ainda no primeiro turno, após o ex-governador se ver enrolado com a Lei da Ficha Limpa. Durante o primeiro debate do qual participou, virou hit com uma declaração desastrada sobre a Caixa de Pandora.

- Eu fui criada com a honestidade na minha casa. Na minha família, era coisa primeira que tinha. Então eu não concordo com corrupção. Eu quero defender toda aquela corrupção. (...) Tudo aquilo que aconteceu, nós não temos responsabilidade nenhuma, porque acho que cada um tem o seu modo de pensar.

Mesmo com a foto de Roriz nas urnas eletrônicas, Weslian teve metade dos votos do adversário Agnelo Queiroz (PT) e foi obrigada a enfrentar um bombardeio de questionamentos sobre os negócios envolvendo o marido e que culminaram em sua renúncia ao Senado, em 2007.

Roriz retirou sua candidatura ao governo do DF a nove dias das eleições, após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) barrar o seu registro com base na Lei da Ficha Limpa. O entendimento dos ministros eleitorais era de que Roriz, ao renunciar ao mandato, se enquadrava na lista de inelegíveis.

Bezerra de Ouro

A renúncia de Roriz ao mandato senador, em 2007, se deu para escapar de um processo de cassação por quebra de decoro parlamentar após a divulgação de conversas telefônicas que o mostraram negociando a partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do BRB (Banco de Brasília), Tarcísio Franklin de Moura.

A partilha seria feita no escritório do empresário Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol, que teve recentemente a prisão preventiva decretada acusado de mandar matar um líder comunitário e encomendar a morte de um genro.

O ex-governador negou as acusações e disse que pediu um empréstimo de R$ 300 mil a Nenê --quantia descontada de um cheque de R$ 2,2 milhões do empresário. O dinheiro, segundo ele, teria sido utilizado para comprar uma bezerra e ajudar um primo. O caso acabou ficando conhecido pelo nome de Bezerra de Ouro.

Loteamento

Apesar de todas as denúncias, a família Roriz ainda conta com uma base eleitoral muito forte nas cidades do entorno do Distrito Federal. Desde que chegou pela primeira vez ao governo, em 1988, fez sucesso entre a população carente por instalar um programa de distribuição de lotes que resultou em um inchaço demográfico.

Por trás de toda a política, acabou-se criando uma rede de grilagem de terras que, segundo investigações do Ministério Público, beneficiava deputados e secretários de governo. Estima-se, hoje, que o DF conte com 533 mil pessoas vivendo em loteamentos irregulares, algo como 26% de toda a população.


Gustavo Gantois, do R7

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