Um ministro próximo confirma que Dilma está fazendo agora o que não conseguiu fazer na transição de governo, por pressão política de aliados e até do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As denúncias de irregularidade que atingiram integrantes do segundo escalão e até mesmo o ex-ministro Alfredo Nascimento permitiram que a presidente iniciasse uma troca profunda no Ministério, considerado até então um bunker do PR no governo.
Assim que foi eleita, no ano passado, ela havia tentado fazer isso sem sucesso. Deixou claro que não queria a recondução de Alfredo Nascimento para os Transportes, com a desculpa de que ele tinha sido derrotado na disputa pelo governo do Amazonas. Tentou oferecer ao PR outra pasta. Mas não conseguiu.
Agora, já mandou um recado ao PR de que o partido manterá o comando da pasta. Mas terá novas condições. O novo ministro não teria autonomia para operar na pasta e no Dnit, como o PR vinha fazendo até então. Na sondagem que chegou a fazer ao senador Blairo Maggi (PR-MT) para substituir Nascimento, na semana passada, Dilma foi clara: se ele aceitasse não iria mandar. Isso porque já havia decidido que todos os contratos serão revisados e acompanhados pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
Dilma começa a fazer agora com o PR o que já tinha feito com outros partidos antes. Com o PMDB, ela tirou das mãos do partido o comando da Funasa, outro órgão de muita capilaridade política, grande orçamento, e que foi alvo de investigação de irregularidades. O mesmo ela fez com os Correios. Ela vetou a pressão do PMDB para reassumir o comando da estatal.
No Ministério do Turismo, manteve nomes de confiança em postos-chaves para ter controle da pasta. Ao mesmo tempo, nomeou para comandar a Embratur o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB), que tem divergências políticas com o ministro Pedro Novais, afilhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Na Previdência, comandada pelo ministro peemedebista Garibaldi Alves, ficou o secretário-executivo Carlos Eduardo Gabas, ligado ao PT.
O Globo
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